Aqui D’ El Rei no Festival de Vilar de Mouros!

Caminha/Isabel Varela | O Minho Digital tem vindo a acompanhar o desenrolar da organização do Festival de Vilar de Mouros para este ano. Como divulgámos, este evento correu o risco de não se realizar, isto porque a promotora Música no Coração e uma empresa associada e presentes no protocolo assinado com o município caminhense, em finais de Fevereiro adiantava que até ao momento não havia patrocinadores para o evento. E que à falta disso, segundo Luís Montez «a Câmara se quiser que organize»…

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Após alguns recuos, a informação foi confirmada esta semana por Miguel Alves, presidente do executivo de Caminha. Assim, já está previsto que a edição do Festival de Vilar de Mouros aconteça entre 25 e 27 de agosto em dois palcos, um deles gratuito, com o cartaz a ser anunciado nos próximos dias. Para o autarca, as datas encontradas « são as melhores, no contexto dos festivais, e do que queremos fazer», salientou à Lusa.

Segundo se sabe a realização do evento estará a cargo da empresa ‘Surprise and Expectation’, criada em Caminha, um consórcio constituído pela Probability Makers e pela Metrónomo.

Por outro lado, e segundo foi vinculado, a barreira dos patrocinadores foi superada através da acção da autarquia. «A Câmara Municipal teve um papel activo , eu diria, até, um papel principal na procura de patrocínios», frisou Miguel Alves à Agência Lusa. Para além dos patrocinadores e resultado da venda dos bilhetes, o município caminhense vai atribuir um apoio financeiro de 40 mil euros e transferir 15 mil euros para a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros.

Até ao fecho da nossa edição não obtivemos nenhuma resposta por parte do presidente da Câmara de Caminha. Por exemplo, quais as bandas, o valor dos bilhetes, que prejuízos poderá ter o evento com este impasse, se este atraso não trará consequências nas bilheteiras, se a divulgação e publicidade do evento chega atrasada, e quais serão as consequências para a promotora Música no Coração por não ter cumprido o protocolo. Perguntas sem respostas!…

Um festival de « desventuras»
Logo após a reunião camarária, que ocorreu na passada 4ª feira, a Concelhia de Caminha do PSD emitiu uma nota de imprensa sob o título «Empresa constituída à pressa e por pessoas de Lisboa». Tudo para, ainda, classificar o festival de Vilar de Mouros como um festival de « desventuras», isto devido aos sobressaltos da sua realização para este ano.

Esta força política recorda, também, que o mencionado protocolo com a Música no Coração «foi aprovado em Reunião de Câmara e aprovado em Assembleia Municipal, mas ficamos a saber, à data de hoje, que nunca chegou a ser assinado pelas partes. Esta situação é um exemplo claro de que as deliberações tomadas em reunião de Câmara não passam de flash shows para o senhor presidente fazer política eleitoralista e que depois não se convertem em apoios, medidas nem em protocolos efectivos».

Em relação ao novo protocolo, que garante a realização do evento, o PSD afirma que a empresa surge «a quatro meses da realização do dito festival». Mas vão mais longe nas críticas e salientam que estão «chocados com as nuances pouco claras que envolvem este protocolo, nomeadamente: a empresa com quem vão assinar protocolo tem sede em instalações do município, e nada foi aprovado em Reunião de Câmara no sentido de cedência de instalações, como é obrigatório por lei. Desta forma, esta empresa está ILEGALMENTE constituída. Mal estava o país, se as empresas pudessem sediar-se em moradas que não lhes pertencem, sem qualquer tipo de autorização prévia para o efeito. A empresa foi criada no dia 15 de Abril, exactamente no mesmo dia em que nos enviam a documentação com informação técnica e protocolo. À data de hoje, 20 de Março , a empresa ainda nem deu início de actividade nas Finanças; os proprietários desta empresa são duas pessoas de Lisboa que, de forma estranha constituem uma empresa no nosso concelho, em instalações do município, sem autorização prévia», acusam os social-democratas.

E uma interrogação surge nos sociais-democratas: «O que está por trás disto tudo? É uma questão que o PSD gostaria de ver esclarecida mas de forma honesta e não com engodos, como nos têm habituado. E, ainda, no tocante ao protocolo o PSD acusa que «as gralhas e a pressa são tantas que até o protocolo veio cheio de informações erradas, levando a que o dr. Miguel Alves tivesse de enviar uma errata com correcções ao dito protocolo. Esta pressa, esta falta de protocolo, esta empresa ilegalmente constituída num local que não lhe pertence, colide frontalmente com a postura do sr. presidente que em declarações à comunicação social diz que a organização do Vilar de Mouros está a decorrer da melhor forma, na tentativa de esconder a quantidade de incongruências que clivam em todo o processo».

No final, o PSD de Caminha diz estar a favor do Festival, mas « quer a realização do Festival de Vilar de Mouros, mas não a qualquer custo. Queremos um Festival de Vilar de Mouros organizado com tempo, com elevação e com a estratégia publicitária necessária para o tornar num dos melhores Festivais do País».

NEA_vilardemourosA história do mítico festival
Um festival que competia com os maiores do país, que começou antes de todos os outros e que levou à aldeia de Caminha mais de 30 mil pessoas para verem pela primeira vez em Portugal nomes como Elton John ou Manfred Mann. Estávamos em 1971, apenas dois anos depois do aparecimento do Woodstock nos Estados Unidos, e Vilar de Mouros tornava-se no primeiro festival de rock em Portugal.

Nos dez anos seguintes, não aconteceu mais nada do género ali, até que em 1982 a festa voltou a fazer com o país a olhar para um cartaz que tinha como vedetas os irlandeses U2. Mais uns anos de interrupção e em 1996 o festival começava a ganhar raízes – de 1999 a 2006 aconteceu sem qualquer paragem. Desde então, são mais as promessas de regresso do que as edições efectivas do festival.

Em 2014, Vilar de Mouros voltou a ser uma certeza, mas o público já não estava lá. Intitulando-se o “primeiro festival 100% solidário”, com a AMA ao lema, uma IPSS de Viana do Castelo e com UB40, Guano Apes, Tricky, Stranglers e Xutos & Pontapés no cartaz, a edição esteve longe do sucesso.

Este ano … logo se verá!