Caminha aprova por unanimidade moção de desassoreamento do Rio Minho

Com o voto favorável da maioria socialista

Caminha | Ao contrário do sucedido com uma recomendação ao Governo para que proceda ao desassoreamento urgente do Portinho de Vila Praia de Âncora, em que a oposição se absteve, no caso da apresentação de uma moção da parte de Rui Lages, presidente do Executivo, para que o Rio Minho seja dragado, os três vereadores sociais-democratas acompanharam o voto favorável da maioria socialista na reunião camarária do passado dia 5.

Rui Lages justificou esta moção, por considerar inconcebível que os pescadores vejam a sua actividade cerceada, que as espécies do rio rareiem cada vez mais ou que a Autoridade Marítima Nacional e a Capitania de Caminha estejam inoperacionais na maré baixa, devido à acumulação de areia junto ao pontão da foz do Rio Minho.

“Rio quase morto”
O estado a que o Rio Minho chegou, já tinha merecido uma intervenção robusta de Miguel Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia de Caminha/Vilarelho, no decorrer da última Assembleia Municipal (28/Fevereiro), alertando que a situação cada vez mais grave “preocupa toda a minha comunidade”.

Embora reconhecesse que “isto não é novo”, afirmou que tinha chegado o momento de realizar uma “intervenção de fundo”, face à diminuição cada vez mais acentuada das espécies, classificando o rio de “quase morto”, com as graves consequências para os profissionais de pesca, hotelaria e turismo em geral, ao que se associa a inoperacionalidade das equipas da Autoridade Marítima Nacional (vulgo Polícia Marítima e Marinha) em mais de metade da maré nas imediações do pontão situado junto à delegação da Foz.

Lamentou a insensibilidade dos governos dos dois países ao longo dos tempos, a quem compete decidir sobre este curso de água internacional.

O facto de não ser considerado um porto comercial, obsta a que os governos avancem para uma intervenção profunda no Rio Minho, a exemplo do que sucede noutros pontos do país, recordando o empenhamento das câmaras municipais dos dois países na resolução da situação, que é, resumiu Miguel Gonçalves, “um problema dos dois estados”, e não dos partidos, como o seu colega Hugo Martins também tinha referido quando usara da palavra antes dele, ao pedir a Rui Lages que clarificasse as diligências realizadas para que o desassoreamento do Portinho de Vila Praia de Âncora se concretizasse e se o Governo iria indemnizar os pescadores pelos prejuízos causados pelos impedimentos de saírem para o mar, devido à acumulação de areias.

A terminar, Miguel Gonçalves manifestou pesar pelo facto de “a nossa matriz cultural e económica do Rio Minho estar a ser morta”, mas, advertiu que “não nos resignaremos”, porque “nós também existimos, também somos Portugal”.

Este tema mereceu uma apreciação do deputado municipal Ricardo Cunha (OCP), dizendo “acompanhar a preocupação de Hugo Martins”, mas interrogou-se sobre os motivos pelos quais o PS tinha estado tantos anos no poder e nada resolvera, nem pagou os prejuízos causados aos pescadores.

“O poder político já se tinha vergado”
Esta situação de impasse nos desassoreamentos, mereceu igualmente uma apreciação na Assembleia Municipal do Bloco de Esquerda, com o seu representante Abílio Cerqueira a manifestar preocupação com o assoreamento do Portinho e da Foz do Minho, recordando, a propósito, que duas propostas apresentadas na Assembleia da República para inclusão de verbas para esse efeito no Orçamento de Estado para 2025 tinham sido rejeitadas.

Escorado no exemplo da campanha contra a exploração de lítio na Serra d’Arga, cuja mobilização a travara, foi de opinião de que se tivesse acontecido o mesmo nestes dois casos, “o poder político já se tinha vergado”.

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