A campanha política e dos médios contra Catalunya resulta vergonhosa e em grande parte culpável da dimensão das protestas e do clima de animadversão, diria incluso ódio, por parte dos cidadãos (eu penso que somos em realidade súbditos, com um rei a quem “se la trae floja” e que claramente toma partido em contra) contra o povo catalão a quem se nega sua historia e sua luta constante por recuperar soberania, reduzindo as protestas a uma manipulação do govern.
Ainda há poços dias Nuñez Feijoo minimiza o sentimento e decisão do povo catalão quando afirma que “a España no la van a tumbar unos cuantos políticos catalanes”.
Negar a realidade histórica a propaganda e desinformação é algo comum desde tempo imemorial. Aqui se nega a Catalunya sua existência na historia como estado independente, do mesmo jeito que o exercito japonês inventou o falso pais de Manchukuo para legitimar suas conquistas, ou como China nega que o Tibet existira nunca como estado independente, ou como Golda Meyer (primeira ministra israelí) que em 1969 pronunciou a celebra frase de “o povo palestino não existe nem nuca existiu”, ou também a deputada israelí Anat Berk que mostrou sua iniquidade e incultura ao dizer que duvidava de que houvesse existido o povo palestino porque em árabe não existe a letra “p”, ignorando que em árabe o nome de Palestina é Falestin; ou Putin negando que historicamente houvesse uma Ucrânia independente, etc. Como algumas noticias falsas duram para sempre repasse a algo esquecida história de Catalunya e pudem comprovar como o patrão de Barcelona, São Jordi, é o mito histórico do herói nacional que levanta sua espada contra o dragão malvado que representa a hegemonia de Castela
Já na historia, polo S.VIII os condados catalães independentes entre si, ainda que com importância sobranceira o de Barcelona, precursores da Catalunya moderna, que serviam de parapeito, e recebiam ajuda, do poder carolíngio, chegado o ano 890 o conde de Barcelona Guifré el Pilos uniu vários condados catalães convertendo-se no primeiro conde independente de Catalunya e no ano 987 o conde Borrel II de Barcelona oficializa a total independência ao negarse a prestar juramento ao primeiro monarca da dinastia dos Capeto. A finais do S. XI o conde de Barcelona Ramón Berenguer I consolida um Estado feudal que engloba e domina o resto dos condados catalães; e seguidamente expande-se territorialmente incorporando os condados de Besalú, Cerdaña, Ampurias e Provenza e incluso a igreja catalana reestabelece-se na sede de Tarragona. Os condes de Barcelona (e polo tanto a totalidade do território formado polo resto dos condados catalães e os incorporados) gozam de total independência, jogando Barcelona a começos do primeiro milênio um papel clave no Mediterrâneo e sendo o idioma catalão o mais falado nos portos mediterrânicos. Em 1.137 o conde Ramón Berenguer IV casa com Petronila de Aragón, filha do rei Ramiro que segundo acorda em capitulações matrimoniais de Barbastro, modificadas três meses mais tarde renunciando Ramiro ao pouco que se reservava , “dono a ti Raimundo, mi hija em matrimonio com todo el reino de aragón integramente…”; unión dinástica na que o Conde Barcelona seguia sendo o supremo poder em todo o território catalão em toda a denominada “Catalunyia viella”, á que seguiu incorporando novos territórios, e também rei de Aragón, polo que a dinastia reinante era a Casa de Barcelona com sede no que atualmente é a Praça do Rei na cidade condal. Em 1.335, no reinado de Pedro IV el Ceremonioso, cria-se a Generalitat de Catalunya. E em 1.410, falecido o Conde de Barcelona e rei de Aragón, Martin I o Humano, sem descendência nem designação de herdeiro, foi nomeado Rei de Aragon polo Anti-papa Benedicto XIII, no chamado compromisso de Caspe, em 1.412 Fernando I de Antequera da dinastia castelã dos Trastámara (como em outras ocasiões se designaram reis de Espanha pessoas estrangeiras de dinastias francesas, italianas, e incluso instituídos por ditadores). Ainda que Catalunya conserva suas instituições políticas, remata a dinastia autóctone dos condes de Barcelona, começando a introduzir-se também a partir de esse feito em Catalunya o idioma castelhano. Aqui certamente Catalunya perde sua independência ainda que conservando uma certa autonomia.
Perdida a soberania agravouse o declinar catalão com as políticas dos novos monarcas, o estabelecimento da Inquisição, a expulsão dos judeus e mouriscos e sem que a plata e ouro procedente das colônias americanas chegassem as arcas catalanas, e começaram toda classe de protestas para recuperar a soberania perdida. Assim no ocaso da Casa de Áustria, mesmo pendentes de resolução “causas antigas” e tendo que suportar a guerra entre Espanha e França, Felipe IV com seu valido Olivares trataram de incrementar a centralização do reino, o que provocou em 1.640 o que se conhece como “Corpus de sangue”, a revolta dos segadores que rematou em 1.641 com a constituição de Catalunya em República com o protetorado de França; mas em 1651 o exercito de Felipe IV, comandado por dom Juan José de Áustria, entra a sangue e fogo em Barcelona, destruindo três quartas partes da cidade e rematando assim com o secesionismo, fugindo Margarit e demais cabeças do intento de recuperação da soberania. Felipe IV confirma os fueros catalães e traiciona a Catalunya cedendo a França, sem consulta, os condados catalães do Rosellón e parte do da Cerdaña, dividindo assim, em contra da vontade das instituições do principado, o território catalão.
Triste remate para Catalunha do reinado dos Austrias (ainda falta Carlos II que nem fu nem fa) com esse Felipe IV que faz parelha no sometimento catalán pola força com o primeiro Borbón, também Felipe, mas agora V, que já de inicio manifestou sua decisão de suprimir as instituições tradicionais, que invadiu todo o território catalão capitulando finalmente Barcelona em setembro de 1714.e cumprindo-se a ameaça de abolição das instituições e liberdades catalanas e feche de todas as Universidades, exceto a de Cervera.
A historiografia espanhola cuidou-se de deturpar o relato mas os feitos ficam aí. Nunca Catalunya estivo governada por um monarca aragonês, mais bem Aragão estivo governada póla Casa condal de Barcelona; com sede real em Barcelona e sepulcros reais no Mosteiro de Poblet (Tarragona). Historiografia apócrifa hispana que igualmente inventa a existência de um desconhecido reino de Astúrias para diminuir a importância do reino de Galiza e seus reis, quando todos os mapas e documentação medieval designavam a Galiza no espazo político ocupado polo cristianismo na península em contraposição com Hispania que eran as terras ocupada polos muçulmanos, como se pode comprovar na coleção de mapas da época que tem recolhido em alguma das suas publicações o semanário Sermos Galiza.
Foram 423 anos de vida independente e soberana do Condado de Barcelona/Principado de Catalunya e mais de 600 anos de incomodo sometimento á soberania espanhola, época da que falarei noutra oportunidade.