Estâo a envenenar a Serra d’Arga.

Joaquim Vasconcelos - Engenheiro Civil e Ambientalista

Viana do Castelo | Em out.de 2017, embora o Comité de Peritos da União Europeia (EU) decidisse adiar uma votação sobre o prolongamento da licença para uso do herbicida glifosalto cujo uso estava agendado para ser proibido em Dezembro, os responsáveis nem por isso abandonaram a ideia de o utilizar como solução para eliminar o infestante que se está a instalar na Serra de Agra, a hakea sericea – conhecida como háquea-espinhosa – “que se reproduz com maior rapidez com os fogos florestais”, embora existam outras formas de a combater (mecanicamente) sem recurso a este herbicida’.

A própria agência Lusa, embora entrasse em contacto com o Instituto de Conserva da Natureza e Florestas (ICNF), não obteve qualquer resposta!…

Os ambientalistas que ainda servem a causa ambiental e grupos de especialistas que estudam os graves problemas originados pelos herbicidas, procuraram alertar estas entidades para os graves problemas que estes trazem aos núcleos urbanos da serra mas á população Nacional, de Arga, pondo em causa a pró Rede Natura, em que todo a fauna e flora já estão a sofrer os efeitos da utilização de herbicidas.

Não se consegue compreender como é possível a nível governamental verem os problemas que estão a criar para a saúde, pois tendo em atenção o referido pela Organização Mundial de Saúde, através da sua estrutura especializa IARC – Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro sediada em França – que declarou o glifosato (junto com outros pesticidas organofosforados) como “carcinogénio provável para o ser humano”. Esta classificação significa que existem evidências suficientes de que o glifosato causa cancro em animais de laboratório e que existem também provas directas para o mesmo em seres humanos, embora mais limitadas.

Em declarações à Lusa, no inicio do Verão, um deputado do PSD na Assembleia Municipal de Caminha referiu que foi aplicado herbicida Roundup, substância activa que é o glifosato, em mais de 500 hectares da Serra d’ Arga (nas freguesias de Arga (Baixo, Cima a São João), em Dem e Riba de Âncora com a conivência e aval do executivo da Câmara Municipal de Caminha e do ICNF “tendo adiantado que o assunto seria remetido para o Ministério Público, para os grupos parlamentares com assento Assembleia da República e para o Ministério do Ambiente e para o ICNF”.

Aplicar aquele produto numa mancha florestal desta dimensão é um autêntico crime, indo afectar os lençóis de água, e arrastar o problema à flora, protegida da rede Natura e a toda a cadeia alimentar, até ao ser humano, quer através da disseminação de partículas quer através da água, quer de todo o ciclo alimentar. Já o presidente da Câmara de Caminha, referiu que “pela primeira vez, foi levada a cabo uma intervenção de limpeza de infestantes exóticas na seita d’Arga num projecto que juntou os baldios e autarquias, e que esta operação até teve parecer favorável do ICNF e financiamento Comunitário”, embora isso não evitasse terem sido aplicados uns herbicidas que, de acordo com técnicos que se preocupam com o bem-estar e saúde das pessoas, não tivessem sido respeitados. Na realidade isso é demagogia e falta de respeito pela vida humana originando um suicídio lento para os naturais, mais frágeis.

Como há longos anos tenho vindo a alertar a comunidade no sentido de serem evitadas asneiras e como tenho exemplos factuais dos casos em que os interesses pessoais se sobrepuseram aos verdadeiros interesses sociais, vou só lembrar os seguintes exemplos:

Um portinho, em que hoje até os barcos de recreio têm dificuldades em lá entrar; uma ETAR que deve ter dado muito dinheiro a muita gente, mas não eliminou a poluição na Praia de Âncora; uma fonte «da Retorta», muito procurada pela qualidade da sua água e que hoje se encontra poluída devido à passagem de acesso à A28.

São casos como estes que provam a ignorância de quem tem gerido a autarquia, mostrando uma total ignorância e incompetência!

Tomado do Semanário Minho Digital.