A euforia que me causa a liberdade de dizer o que penso e o que sinto, é temperada pelo modo como tantos dela se valem para porem o mundo ao corrente das suas, algumas vezes frustrações e raivas, mas num tom que irremediavelmente traz à memória a latrina e o esgoto.
Entristecem-me e, por que não confessá-lo, também me assustam, não só pelo que revelam dos inconfessáveis jogos de poder subterrâneos de algumas almas, mas pela quase certeza que dão de que a sociedade em que julgamos viver é de uma atrocidade enorme. Deus nos guarde do momento em que essa mortificada gente possa traduzir em actos o que o que lhes vai na fel.
E se bem que a certas horas me diga que devo acalmar o exagero, pois nunca será nem tanto ao mar, nem tanto à terra, no íntimo não consigo libertar-me de um sentimento que em simultâneo é de pena e de irritação. De pena, porque numa sociedade medianamente feliz, medianamente civilizada, os comentários poderão ser venenosos, agressivos e maléficos, mas só de longe a longe descem ao reles, e quando isso acontece é como se se ouvisse uma campainha a reprovar o desconchavo. Infelizmente, numa sociedade onde as razões de tristeza sobram, a esperança é fraca, o medo uma companhia de todas as horas, há poucas possibilidades de a breve termo se tornar exemplar nas boas maneiras.
“Infelizmente, numa sociedade onde as razões de tristeza sobram, a esperança é fraca”
Assim sendo e porque o remédio demora, talvez faça sentido que para canalizar noutra direcção as raivas e desesperos que nos apoquentam se estimule a prática de cidadania e respeito. Coisa que desses boys não acredito enquanto não virem os seus desígnios transformados em estilhaços. Materiais e humanos.