Monçao | A abertura da sede da Eurocidade Monção – Salvaterra de Miño, localizada no antigo edifício da PIDE, no Parque da Lodeira, tornou ainda mais consistente e vigoroso o relacionamento frutuoso, desde sempre, entre os responsáveis políticos e as populações dos dois municípios unidos pelo rio Minho.
O novo organismo, inaugurado vinte e dois anos após a entrada em funcionamento da ponte internacional entre as duas localidades, tem como prioridades, entre outras, a realização conjunta de atividades culturais, sociais e desportivas, a valorização do troço fluvial do rio Minho e a dinamização dos recursos endógenos no campo enológico, patrimonial e paisagístico.
Na linha da frente da “ordem de trabalhos” estará também o empreendedorismo transfronteiriço, a partilha de equipamentos coletivos, garantindo escala e rentabilização financeira, e a apresentação de candidaturas a programas comunitários transfronteiriços, visando o fortalecimento da atividade turística e económica.
Numa cerimónia presidida pelo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luis Carneiro, e pelo Vice-Presidente da Xunta da Galicia, Alfonso Rueda Valenzuela, os dois autarcas raianos, Augusto de Oliveira Domingues e Arturo Grandal Vaqueiro, falaram de um passado difícil e de um futuro promissor.
Consolidar relação umbilical
O autarca monçanense, que recordou a imposição restritiva da fronteira com momentos marcantes na sua memória de criança e jovem, apontou estratégias de futuro que, acrescentou, passam por aprimorar as excelentes relações existentes e garantir melhor qualidade de vida às populações.
Referindo-se a alguns projetos em andamento, como um barco turístico e o alargamento dos passeios da ponte, Augusto de Oliveira Domingues reafirmou o propósito de consolidar esta relação transfronteiriça umbilical nos campos da saúde e da proteção civil.
Disse: “Não entendo porque motivo não podemos abrir as portas do nosso centro de saúde aos nossos vizinhos galegos. Ou porque os nossos bombeiros não podem intervir no outro lado da fronteira. Senhores governantes, temos de ultrapassar estas situações para que a relação seja de completa liberdade num futuro que queremos construir juntos”.
Uma intervenção com claro enfoque nos próximos anos que Arturo Grandal Vaqueiro ouviu, aplaudiu e reforçou. Para ele, tal como para Augusto de Oliveira Domingues, o rio nunca constituiu obstáculo ao relacionamento entre as duas populações e a ponte é apenas uma rua que liga os dois centros históricos separados por um quilómetro.
“Imagino um pequeno Douro”
Com palavras pausadas e emocionadas, Arturo Grandal Vaqueiro referiu-se à sede da Eurocidade como um instrumento fundamental para a valorização cultural e paisagística de Monção e Salvaterra de Miño, dois municípios vizinhos com potencialidades vínicas (Alvarinho) e patrimoniais (muralhas) semelhantes.
De seguida, com a certeza que cresce na convicção, apontou os próximos desafios da Eurocidade, mencionando dois que, de alguma forma, já tem um caminho percorrido. Por um lado, a valorização da ponte internacional e, por outro, a navegabilidade de um barco turístico:
“A ponte é uma rua e, como tal, temos de tratar bem dela. Iluminação, pintura e alargamento para as pessoas que a cruzam a pé, a correr ou de bicicleta. Estamos também a pensar num barco turístico que possa navegar nestas águas. Já imagino um pequeno Douro com visitas às adegas, circuitos temáticos sobre o vinho Alvarinho e rotas ecológicas”.
Após a cerimónia oficial de abertura da sede da Eurocidade Monção – Salvaterra de Miño, que englobou ainda descerramento de placa e visita às instalações, realizou-se a inauguração da sede da ATEARAIA – Associação Transfronteiriça de Educação Ambiental, no edifício da antiga guarda-fiscal.
Neste local, procedeu-se à abertura da exposição de fotografia “Portugal Subaquático”, de Luis Quinta, produzido pela CMIA de Viana do Castelo, tendo os membros da associação presenteado autarcas e governantes com um carvalho–alvarinho. O programa terminou com um convívio popular com atuações do grupo “Os Magníficos”, de Monção, e do “Grupo de Gaitas”, de Salvaterra de Miño.