Apresentado no passado sábado, no Cine Teatro João Verde, volume dois de “Prosas e Alguns Versos de João Verde”, recolha e compilação de textos de Fernando Prego, é um contributo importante para que a obra do autor de Ares da Raya fique mais completa e a nossa terra, Monção, mais enriquecida. Paulo Esteves referiu que a presente publicação é “uma achega importante ao universo de João Verde” que “ajuda a compreender melhor a versatilidade literária e dimensão poética e humanista do poeta maior das letras monçanenses”.
Monçao | A publicação “Prosas e Alguns Versos de João Verde II”, fruto da recolha e compilação de textos de João Verde por parte de Fernando Prego, foi apresentada no passado sábado, 11 de fevereiro, no Cine Teatro João Verde perante um público bastante interessado e interventivo que compareceu em número significativo.
Nesta sessão, englobada nos 150 anos de nascimento do poeta monçanense, realizou-se ainda a conferência “O que a Galiza mai-lo Minho devem a João Verde”, da autoria de Artur Anselmo, presidente da Academia das Ciências de Lisboa. Palestra esclarecedora e elucidativa sobre o papel e influência de João Verde na literatura galaico-minhota.
Na abertura, o Vereador das Atividades Socioculturais, Paulo Esteves, referiu que a presente publicação é “uma achega importante ao universo de João Verde” que “ajuda a compreender melhor a versatilidade literária e dimensão poética e humanista do nosso ilustre conterrâneo”, contribuindo para que “ a obra do autor de Ares da Raya fique mais completa e a nossa terra, Monção, mais rica”.
“É nossa intenção dar mais escala à figura de João Verde. Há muito a fazer. Em quantidade e em qualidade. Vamos reforçar aquilo que já temos e avançar com outras iniciativas dinamizadoras e inovadoras. Temos algumas ideias que estamos a amadurecer para transformar em projeto e, numa fase posterior, numa realidade palpável”.
A propósito, deixou “um compromisso firme e sério que João Verde terá uma maior visibilidade nos próximos anos” e agradeceu o trabalho de Fernando Prego, dizendo: “Monção fica-lhe reconhecido pelas horas de pesquisa e investigação, pelo tempo precioso que tirou à família e pela homenagem prestada a João Verde. Obrigado por nos facultar a oportunidade de ficarmos mais esclarecidos sobre a figura e a obra de João Verde”.
Valorizar universo literário de João Verde
A presença de público serviu como um incentivo extra para Fernando Prego que, bastante satisfeito com a afluência de pessoas, sublinhou as motivações que estiveram na origem desta publicação. Primeira: trazer à tona crónicas até agora desconhecidas. Segunda: juntá-las num volume para disponibilizar ao público interessado. Terceira: valorizar o brilhante universo literário de João Verde.
Um trabalho que Fernando Prego promete continuar a fazer ou, como diz, socorrendo-se de Saramago, ”vida havendo e saúde não faltando”, para que seja possível disponibilizar o precioso legado do poeta maior das letras monçanenses. “O tempo há de chegar”, acrescenta, desta vez, “bebendo” as palavras de Saavedra, amigo de João Verde.
E enquanto aguardamos por mais, o que podemos esperar deste volume? Na resposta, Fernando Prego referiu que há muito que ler e assimilar porque, adiantou, João Verde aborda nas suas crónicas temas variados e sempre atuais, “amparando-se”, para isso, nos diferentes pseudónimos que utilizou nos seus textos, umas vezes acutilantes, outras vezes ternurentos.
Obra literária multifacetada e universal
Na conferência “O que a Galiza mai-lo Minho devem a João Verde”, Artur Anselmo sublinhou o amor à terra e a vontade de aproximação à Galiza por parte de João Verde, enaltecendo a obra multifacetada do poeta monçanense com palavras de apreço, arrebatamento e admiração.
“….a vida tranquila de uma vila de província e dos seus habitantes desliza agilmente nas suas crónicas, muitas vezes, sobressaltadas por excesso de lirismo, deslumbramento perante a paisagem, grande emoção quando escreve sobre as romarias e enorme candura quando aborda tradições e um passado grandioso que existe na sua sensibilidade de poeta e coração monçanense”.
Na apresentação da obra, Henrique Barreto Nunes, antigo diretor da Biblioteca Pública de Braga, enalteceu a sensibilidade universal e criatividade do poeta, realçando a forma mordaz, assertiva e brejeira na hora de escrever. Destacou a sua obra literária, em poesia e prosa, como uma referência obrigatória no contexto literário da região transfronteiriça.
Contrariamente ao primeiro volume, que “guarda” apenas crónicas inseridas no jornal “O Regional”, este segundo volume apresenta textos e poemas que João Verde assinou em outros periódicos e revistas (O Alto Minho, Independente, Branco e Negro, Almanaque Vianense) através dos pseudónimos Marcos de Portela, Brás Inácio, Fernão Menino, Rip e João Seco.