Em setembro de 2013 foi eleito vereador da Câmara Municipal de Ponte de Lima e, passados oito anos, é eleito presidente com maioria absoluta de mandatos. Vasco Ferraz é, aos 42 anos de idade, o mais jovem presidente de Câmara no Alto Minho naquele que é o município mais jovem, em termos de média de idade dos seus habitantes, de toda esta região.
Engenheiro civil, casado e pai de dois filhos menores, Vasco Ferraz é, ainda, presidente da estrutura concelhia de Ponte de Lima e vice-presidente da distrital do CDS/PP.
Ponte de Lima está envolvida, com os outros municípios do Vale do Lima, numa campanha de promoção do vinho da casta Loureiro. E este liga com o Sarrabulho, o ícone desta terra!
Este projeto, tendencialmente, terá de ser sempre associado aquilo que é a gastronomia do nosso território e que faz também com que esta realidade se imponha e tenha sucesso. Porque devemos potenciar aqui duas grandes marcas dos nossos territórios, o vinho e o turismo, mas, ao mesmo tempo, associá-los às marcas das vilas e cidade que caracterizam o Lima e que fazem com que, com o ganho de escala, se potenciem, através das mesmas, dois produtos e, com isso, estimulamos aquilo que é a economia da região.
Novos mercados para o vinho
Setor vitícola não sofreu com a pandemia. E, agora… com a guerra na Ucrânia?
Aquilo que queremos é fazer com que isso possa ser antecipado com projetos desta natureza. O futuro das vendas dos vinhos é uma incerteza. Teríamos, aqui, de alguma forma, a produção que era vendida, nomeadamente, para os países de leste… Pode ter, neste momento, alguma queda, mas o que queremos e o que nos estamos a preparar é no sentido de dissipar essas perdas com novos mercados.
Quando se candidatou a presidente de Câmara, apontou seis pilares. Qual o que lhe merece maior prioridade?
Não posso dizer que um é mais prioritário que os outros, até porque, se satisfizermos esses pilares, temos muitas áreas importantes daquilo que é a nossa atuação na sociedade civil.
Agora foi conjugarmos isso em seis temas, de forma a concentrá-los e a desenvolvê-los num conjunto, dentro das áreas que competem umas com as outras, que se encostam.
Educação e Cultura
Mas, entre eles…
Todos eles. Mas, na minha opinião, o primordial, isso que faz uma sociedade evoluir é a Educação e a Cultura.
Depois da pandemia, Ponte de Lima, tal como outras terras, vai assistir ao regresso das suas principais festas, as Feiras Novas, em setembro próximo. Vai ter o programa a que nos habituamos ou vão-se registar algumas modificações?
Aquilo que desejo é que possam ser, ainda, mais grandiosas porque é o retomar de uma grande tradição que esteve parada dois anos. Sentimos e achamos que a população a deseja. Vão ser participadas não apenas as grandes festas de Ponte de Lima, como as festas tradicionais de todo o Alto Minho.
“Vão ser participadas não apenas as grandes festas de Ponte de Lima, como as festas tradicionais de todo o Alto Minho”
Ponte de Lima é o concelho mais jovem no Alto Minho. E o seu presidente o mais jovem presidente de Câmara. Isso é um potencial, uma mais valia com vista ao futuro do concelho e da região?
É um bom indicador, mas não é suficiente para que possamos fazer aqui uma inversão daquilo que tem sido o último quadro e o último paradigma daquilo que é a evolução da nossa sociedade. Temos de ter uma aposta muito grande nas políticas de incentivo à natalidade, de incentivo e apoio à infância das crianças e o apoio às famílias para que possamos, certamente, inverter aquilo que é uma tendência de todo o país.
Ponte de Lima tem os polos industriais da Gemieira e Queijada. Qual o ponto da situação?
Temos dois polos industriais em funcionamento e um concluído. Nos que estão em funcionamento está tudo vendido. As empresas estão a fixar-se. Temos um que está concluído – o do granito das Pedras Finas – em que temos as empresas à espera para se fixarem. As locais, como é lógico. É específico para uma área daquilo que é a nossa atividade da exploração do granito.
Estamos, agora, a iniciar, também a construção do polo de Calvelo que, apesar de se ter há cerca de três meses, tem tido já bastante procura.
Caminho de Santiago mais percorrido
Ponte de Lima é também um dos pontos marcantes na passagem do Caminho de Santiago, tendo até, entre portas, um albergue para os peregrinos?
Ponte de Lima tem uma localização estratégica. Estamos no centro da região do Minho, temos o caminho português de Santiago que será o mais ancestral a passar por aqui, o mais concorrido e, também, um dos elementos diferenciadores e potenciadores daquilo que é o nome de Ponte de Lima. Devo-lhe dizer que cerca de 20 por cento dos peregrinos que chegam a Santiago passam por aqui. Um número que faz com que esta seja também um mar de uma Meca naquilo que é o caminho de Santiago.
“Ponte de Lima tem uma localização estratégica. Estamos no centro da região do Minho, temos o caminho português de Santiago que será o mais ancestral a passar por aqui”
Ponte de Lima fez, neste mês de março, 897 anos. É vila desde 1125, uma data anterior à nacionalidade (1143). Faltam três para os 900 anos…
Estamos a trabalhar no sentido de umas grandes comemorações dos 900 anos. É uma data muito marcante. Festejá-la com grandeza e dignidade daqui a três anos cai dentro do nosso mandato. Possivelmente com a ALTERAÇÃO DO FERIADO MUNICIPAL. Está sempre ligado aquilo que são as festas religiosas do concelho (Feiras Novas), mas queremos que a alteração para a data de atribuição do foral (4 de março) traga mais alguma dignidade aos festejos.
O que já está esboçado a pensar nos 900 anos?
Calma. Temos as nossas surpresas, vamos apresentá-las, vão ser um sucesso, aquilo que desejo é que sejam bem aceites pela população. O que estamos aqui a fazer é, única e exclusivamente, elevar o nome do concelho de Ponte de Lima.
É presidente de Câmara naquele que sempre foi um bastião do CDS/PP. Aliás, é vice-presidente da estrutura distrital e presidente da concelhia. Este partido atravessa um período difícil de sobrevivência e, pergunta-se, que futuro terá?
Aquilo que espero e porque sou um fervoroso adepto daquilo que são os princípios do nosso partido, é que este possa, em breve, ver-se renovado e melhorado e, novamente, conquistar aquilo que era o seu posicionamento à direita.
É dos partidos fundadores da democracia e, como tal, faz falta. Preencheu aquilo que foi um espaço de memória, de respeito dos nossos principais princípios democrata-cristãos de um país que foi democrata-cristão durante muitos anos. Acho que isso se deve manter. Devemos apenas fazer com que essa mensagem possa chegar à população, são esses os nossos princípios e também dos fundadores. Ao mesmo tempo, temos um projeto para Portugal. Coisa que alguns novos partidos não têm.
“Os galegos são considerados irmãos dos portugueses, irmãos aqui da Região Norte”
A terminar, quer deixar uma mensagem aos vizinhos da Galiza, leitores deste jornal, que vêm até Ponte de Lima?
Sim. Os galegos são considerados irmãos dos portugueses, irmãos aqui da Região Norte; aquilo que desejo é que eles possam vir a Portugal desfrutar sempre do nosso território porque cá, temos a certeza, e eles têm-na, também serão sempre muito bem recebidos. Que a vossa região possa crescer com a nossa e possamos continuar neste espírito de irmandade durante muitos e muitos anos.
Manuel S.