Monção | Com 45 anos de idade, António Barbosa (PSD), licenciado em Economia e Gestão de Empresas, vai já no 3º mandato na Câmara Municipal de Monção. O 1º na oposição e os seguintes como presidente. Com maioria absoluta no executivo da autarquia, mostra-se entusiasmado com o apoio dos seus conterrâneos. Aponta três eixos essenciais para o seu mandato: o turismo “que vai ter uma transformação muito grande”; a questão do Minho Park que vai fazer uma transformação total em termos daquilo que é a forma como nos apresentamos em Portugal e no mundo; e o Matadouro que não será para fazer concorrência aos privados.
Admite futura recanditatura
Quando se candidatou, pela primeira vez, manifestou o objetivo de cumprir três mandatos. Mantém-se esse propósito?
Quando me meti na política, falei sempre em três mandatos e, naturalmente, considero o mandato na oposição como normalíssimo. Aquilo a que me comprometi é chegar até este ponto.
Daqui para a frente, o futuro a Deus pertence… mas o resultado eleitoral que o povo de Monção nos conferiu, traz-nos um sentimento de responsabilidade acrescido porque foi único: o maior resultado da história do PSD, desde o 25 de Abril, em Monção, quer em termos relativos, quer em termos absolutos. Mostrarmos aqui não só a questão da responsabilidade acrescida, mas também o repensar de muito daquilo que seria o futuro. Incluindo isso (recandidatura).
No início deste mandato, apontou, como prioridades, a Ação Social e Educação!
Na Ação Social, por um lado, temos um programa que tem a ver com todo um conjunto de medidas de apoio que levou, aliás, a que Monção fosse considerado Município do Ano com base nesse programa. É um reconhecimento nacional desse trabalho fantástico que vai desde a questão das bolsas à das fraldas, ao apoio no transporte de doentes não urgentes, a medicamentos, ao projeto Casa Feliz. É, portanto, um projeto muito abrangente.
A segunda via, nessa parte mais social, tem a ver com a questão de criarmos habitação com dignidade a pessoas que, de outra forma, não têm a possibilidade de a ter. Esse trabalho já começou no último mandato com o cumprimento de uma promessa de muitos e muitos anos – e de muitos políticos que passaram pelo município – que tem a ver com trocar os telhados no Bairro da Imaculada Conceição e, agora, com o projeto, de mais de quatro milhões de euros, prevendo a intervenção estrutural nas próprias habitações. Com pintura, troca de caixilharia; Todo o parque de habitação social de Monção, nestes quatro anos, vai sofrer obras. Estas passam pela manutenção da habitação social existente e pela construção de cerca de 20 novas habitações. Pensando já no futuro.
A Educação é a outra prioridade!
Foi uma prioridade já no 1º mandato e vai continuar. Desde a transformação que fizemos aos apoios (social) para os transportes escolares serem gratuitos para todos os alunos até ao 12º ano. Desde a questão de gastarmos mais dinheiro para garantir que todos os alunos passam mais tempo em casa.
Por exemplo, de manhã podem sair mais tarde de casa e à tarde voltar mais cedo; isso custa dinheiro porque tem a ver com a multiplicação dos transportes escolares no sentido de garantir que as crianças tenham mais tempo para estar em casa com a família, mais tempo para brincar e estar junto dos seus. Foi um investimento forte também com intervenção, a vários níveis, nas escolas, dando melhores condições. Quer até na questão da própria forma como estamos na sala de aula. Com melhor temperatura e melhores condições, digamos assim, para aprender.
Vamos também iniciar outra intervenção, em termos térmicos, na EB 2.3 e finalizar o projeto de cerca de 3 milhões de euros na Escola Secundária. Estamos à procura de fundos comunitários, esperamos que ocorra durante este mandato.
Diria que a Educação continua a ser uma prioridade. Vamos aumentar o investimento nesta área, incluindo a parte operacional dos funcionários nas próprias escolas para termos mais qualidade e mais segurança.
“Diria que a Educação continua a ser uma prioridade. Vamos aumentar o investimento nesta área”
Ensino Superior
Um dos seus objetivos, anunciado já no seu 1º mandato como presidente, foi a criação, em Monção, de um pólo do ensino superior ligado ao vinho.
Está a andar; é um projeto que não posso adiantar mais. Estamos a trabalhar com o Politécnico de Viana do Castelo para algo intermédio entre o 12º ano e o bacharelato/licenciatura. Será exatamente nessa área e iremos, a breve trecho, ter notícias nessa matéria ligada ao turismo. É uma área deficitária que temos no território, que está a crescer muito, mas sem qualificação. Significa que há cada vez mais oferta, mas é preciso qualificá-la. Garantidamente, ainda este ano, haverá mais dados sobre este assunto.
No âmbito do Turismo, Monção está envolvida no projeto Rio Minho Navegável, com Salvaterra, Tui e Valença. Para quando o seu início efetivo?
O projeto já avançou. Estive em Madrid com o meu vice, o presidente da Câmara de Valença e os alcaldes de Tui e Salvaterra. Juntamente como a Junta da Galiza, fizemos uma apresentação que correu muito bem na FITUR, a segunda maior feira mundial na área turística. Está a andar, única e simplesmente houve aqui um conjunto de circunstâncias que tiveram a ver com os próprios licenciamentos no rio Minho em termos do que é a colocação dos pontos de atracagem. Esperamos ter, daqui até ao verão, as embarcações a circularem com o licenciamento para isso.
Mas… e a navegabilidade do rio?
Por aquilo que foi decidido, a zona que vai ser utilizada é navegável no inverno e no verão. Não há problema nenhum. O objetivo é mostrarmos os nossos territórios de fora para dentro. Portanto, numa perspetiva completamente distinta, quer a quem nos visita, quer também aos concidadãos dos nossos territórios.
Depois levar essas experiências únicas que são esses roteiros criados a nível histórico, vinícola, quer da própria natureza e mostrando tudo aquilo que os nossos territórios magníficos têm para oferecer.
A autarquia tem colocado passadiços, em várias zonas do concelho, que estão a ser um êxito.
Temos, neste momento, mais de um milhão de obras nessa matéria. Na continuidade dos passadiços. Não no do Vale de Mouro porque, nesse, o objetivo é trabalharmos e aproveitarmos as margens. Apenas terá passadiços onde não existe outra forma de circulação.
Na continuidade da ecovia junto ao rio Minho, já em direção a Landre (Bela), estamos na obra que vai do Posto Aquícola até Ruivos. Também até já adjudicamos a obra de Ruivos a Landre Vamos ficar já entre a Bela e Barbeita.
Também a continuidade e o encerramento definitivo, abaixo do baluarte, nesta ligação que vem da ecovia da Lodeira para as Caldas de Monção. Só aqui é um investimento de mais de um milhão de euros que está a decorrer no terreno e que irá continuar a oferta fantástica nesta matéria, aproveitando também para mostrar muito daquilo que temos para oferecer em termos de Natureza.
Ponte como As Neves e Hotel de Cinco Estrelas
E a ligação por ponte com As Neves?
Estamos a trabalhar nessa matéria, juntamente com a Câmara de As Neves e o seu alcalde, para um ponto de passagem pedonal (e ciclávell nesse local de Landro, onde vai chegar, até ao verão, essa ecovia. Para, por exemplo, de bicicleta, fazer um passeio, passar nessa ponte e ir até Salvaterra, passar na ponte (Lodeira) que já tem um projeto aprovado relativamente ao alargamento dos dois lados da via (um ciclável e outro pedonal). Um projeto que será uma realidade a breve trecho.
Ficaríamos com uma oferta única entre dois países e mostrando que o rio, aqui, serve, única e simplesmente, para unir dois povos.
“Ficaríamos com uma oferta única entre dois países e mostrando que o rio, aqui, serve, única e simplesmente, para unir dois povos”
Quando estará pronto?
Estamos a falar de algo deste mandato. Diria que os processos estão a andar, quer na ponte de Salvaterra, quer na outra. Estaremos a falar de uma oferta muito próxima, mas que não depende só de nós. Na que depende de nós, a ecovia, estará ao dispor ainda durante 2022.
Também vamos ter o 1º hotel de cinco estrelas no distrito de Viana do Castelo que está para nascer na freguesia de Sá, bem perto de Monção. Estamos a falar num espaço magnifico, 67 quartps. Isto diz muito deste trabalho que está a ser feito de dinamização e aumento da nossa oferta, quer nesse âmbito, quer a nível dos museus.
Minho Park com novidades para breve
E o Minho Park?
Estará resolvido dentro em breve. É um problema que não estava nas mãos da Câmara; é algo que está em processo de insolvência. O nosso papel foi procurar gente com capacidade financeira para puder lá investir. Quer na compra, quer depois nas obras para finalizar.
Haverá finalmente noticias, diria, ainda antes da primavera. O Minho Park é mais uma peça fundamental e estrutural para o desenvolvimento de Monção. Estivemos ocupados com ele, a trabalhar.
Será articulado com o PLISAN de Salvaterra/As Neves?
São coisas completamente distintas. Quando nasceram, foi com o mesmo fundamento. No de Monção, o objetivo era ser um centro de logística e de apoio ao próprio PLISAN. No nosso Minho Park, estamos a falar numa área de 584 000 m2; no PLISAN, são 400 hectares, uma área brutal.
O eixo Monção-Salvaterra passará a ter uma das maiores zonas industriais que conhecemos por esse país fora. Acho que diz muito daquilo que é a dimensão do que está em cima da mesa e do que pode ter no impacto nestes territórios.
“O eixo Monção-Salvaterra passará a ter uma das maiores zonas industriais que conhecemos por esse país fora”
Nesse sentido, a criação de massa crítica será um valor acrescentado?
A todos os níveis. Aliás, acho que é um segredo dos territórios. Um território que não tem massa critica está condenado.
No nosso caso isso não acontece; acho que a dinâmica transfronteiriça desta “língua” do nosso Vale do Minho consegue fazer essa capacitação, está a fazer esse trabalho de transformação e acho que todos nós percebemos que é importante criarmos emprego não de qualquer forma, mas de qualidade e que possa capacitar os territórios para ter uma voz ativa também no futuro de Portugal.
Na zona empresarial da Lagoa, assiste-se à construção do depósito de armazenamento de gás natural.
Já está a trabalhar. Ainda recentemente tive uma reunião com responsáveis. O gás natural irá estar nos edifícios municipais ainda durante este ano. Tudo o que é parte de infraestrutura mais inicial do próprio espaço onde está instalado, na Lagoa, está praticamente pronto. Já se começa a trabalhar nas partes restantes.
A empresa que está a fazer essa construção e ganhou o concurso público está a começar a pensar nessas ligações.
Pandemia teve dosi fatores
A pandemia da covid- 19 condicionou a atividade da autarquia? O próprio presidente foi contagiado.
Limitou em parte. Era bom que a pandemia não tivesse acontecido porque, infelizmente, morreu gente, muita outra perdeu o emprego e muitas empresas desapareceram. Temos os impactos que agora se começam a fazer sentir com a inflação e tudo aquilo que está a decorrer no pós-pandemia.
Diria que a pandemia teve dois fatores. De um lado, teve o impacto naquilo que era a atividade cultural do município. Impacto naquilo que era a afirmação da marca de Monção que, naturalmente, levava o nome de Monção mais longe, seja a nível dos grandes eventos que fazemos aqui no território – colocaria a Festa da Virgem das Dores e a Feira do Alvarinho num patamar mais elevado… e isso perdeu-se. E perder a Feira do Alvarinho é perder uma ferramenta essencial que tínhamos de afirmação e dos recursos do nosso território.
Por outro lado, como deixou de haver investimento nessas áreas, permitiu que se pudesse não por em causa tudo o restante. Este foi um investimento forte no que se fez em vias de comunicação, de edifícios públicos e do que é a nossa oferta em termos turísticos. Portanto, diria que, da crise, também surgiu uma oportunidade em determinadas matérias que não compensam uma coisa à outra. Era melhor que não tivesse acontecido, mas diria que, a esse nível, não levantou constrangimentos.
Além disso, foi a receita nestes dois anos, pois os impostos – é disso que vivemos – diminuíram de uma forma drástica até porque a nossa economia, em 2020, teve um abaixamento. De tal forma que, neste ano de 2022, temos quase menos 10% de tudo aquilo que é transferência do orçamento geral do Estado (FEF), decorrente da pandemia. Em termos globais, no ano passado tivemos uma transferência de 10, 15 milhões de euros e este último ano foi cerca de 9, 2 milhões.
Algo mais que queira referir.
Definitivamente, termos de colocar o matadouro municipal a ser quase um agente de segurança para aquilo que é o território. Em termos da qualificação de um território que tem os seus recursos. Há duas hipóteses. O distrito e os nossos parceiros têm de perceber que o matadouro tem de ser uma ferramenta diferenciadora, por exemplo, na certificação daquilo que é a nossa raça autóctone no distrito; caso contrário, não fará sentido a sua existência. Só para fazer concorrência com o privado não faz sentido absolutamente nenhum. Só faz sentido se servir como elemento diferenciador naquilo que é o próprio território e na qualificação deste nessas áreas. Irão ter as novidades também durante este mandato
Manuel S.