O rural abandonado tambem no cultural.

As Bibliotecas são as joias culturais que proporcionam conhecimento e leitura universal tanto em grandes cidades como em pequenas vilas, constituindo um serviço a cargo do Estado. Na Galiza a gestão corresponde á Conselhería de Cultura que dirige e coordena a Rede de Bibliotecas Públicas a través da que define serviços e politicas bibliotecárias comuns e planifica a oferta com um catálogo único. As Bibliotecas municipais conformam o groso das Bibliotecas públicas do Estado, são os principais ofertantes de cultura e informação na sua comarca, sendo obrigatória sua criação em concelhos de mais de 5.000 habitantes.

“Na Galiza 1 de cada 5 municípios carece de Biblioteca”

Na Galiza 1 de cada 5 municípios carece de Biblioteca, a media de visitas dos galegos ás Bibliotecas é de 1’90 frente aos 2’25 no resto do Estado, que de media dedica 10’56 € por habitante reduzido a 8’95 €/habitante na Galiza. Não parece que a cultura preocupe demasiado a nossos governantes.

Que a inversão autonómica em cultura, e designadamente em Bibliotecas, seja mais ou generosa não parece ser o principal problema das bibliotecas municipais senão a incidência que na sua gestão poda ter a força governante em cada concelho e momento, que pode ser de desinteresse, de ajuda ou de controlo e ingerência. Infelizmente conheço de jeito direto os atrancos que um governo municipal, sem motivo manifestado, pode pôr ao enriquecimento cultural de sua Biblioteca Municipal.

Nado em Viana do Bolo marchei de alí aos poucos anos, mas toda a vida me senti vianês, e havendo reunido até o presente uma voluminosa, variada e rica biblioteca, pensei em deixá-la, em testamento, aos vizinhos de Viana do Bolo, ofertando esta disponibilidades ao daquela Alcalde, independentemente da color politica, que era do PP; sem resposta, transcorrido tempo pensei fazer uma donação ao Concelho que realmente estivesse interessado, ofertando em primeiro lugar de novo a Viana, daquela Alcalde do BNG, que em pleno do Concelho aprovou por unanimidade aceitar minha oferta, e realizando obras de ampliação no edifício da Biblioteca municipal para acolher os mais de 5.000 volumes que eu ia aportar. Pouco a pouco fui levando alguns livros e revistas, até uns 600, e agora pretendo fazer uma entrega importante de mais de 2.500, sem conseguir comunicação com o Alcade (agora do PP) nem que o Concelho proceda á retirada.

Naturalmente pensei em revogar a doação, mas a oposição municipal (BNG e PSOE) levou uma moção ao Pleno no que de novo por unanimidade se ratificou a aceitação aprovada e proceder a recolher os livros, mas sine die. Não sei quais são os motivos do Alcalde, com quem não tenho relação (uma entrevista e duas chamadas telefónicas) para pagar assim minha generosidade e predileção polas gentes de Viana; nem há nada pessoal que justifique que se oponha á proposta que me manifesta haver feito o PSOE moção apresentada polo BNG para dar meu nome á Biblioteca, algo que tampouco eu pedi. Uma postura que considero insólita. Nunca imaginei verme tão maltratado e despreciado polo Alcalde, Andrés Montesinos, e parte da sociedade vianesa que ele pode representar como pago ao meu reconhecimento e nobreza com o povo que me viu nascer e ao que entrego um dos bens para mi mais queridos, fruto de uma vida de amor aos livros. Pode que meu amor a Viana não seja correspondido.

“Mas o que me preocupa é o futuro cultural de estas pequenas comunidades”

Mas o que me preocupa é o futuro cultural de estas pequenas comunidades (Viana de 8.000 h. no ano do meu nascimento passou a 2.750 na atualidade), longe neste caso de centros de cultura, se por puro capricho pessoal ou político se pode impedir um aporte cultural importante como neste caso que provavelmente entrego quantidade de livros superior ao próprio fundo da Biblioteca.

A Viana há que reconhecer-lhe que tem Biblioteca municipal ainda que não estaria obrigada por sua povoação (inferior a 5.000 h.), mas se poderia exigir á vizinhança um maior interesse por esse faro de cultura e de janelas abertas á pintura, escultura, viagens, descobrimentos, literatura, etc. que trato de aumentar e que ofereço aos vizinhos e comarca de Viana do Bolo, a não ser que o rejeitem, e desde logo á Conselheria de Cultura uma maior implicação e vigilância para que só o beneficio e projeção cultural importem no seu desenvolvimento.

Se não se implica a Administração pequenas comunidades, vilas semidesertas, aldeias despovoadas, negaram aos heroicos habitantes o alimento mais importante do espírito, a cultura. Comunidades que se vão debilitando, esquecendo o tema cultural e o que pode significar para seus filhos a existência de uma Biblioteca potente que lhes permita obter conhecimentos na sua vila, pois bastante fazem para sobreviver. Manifestese a vizinhança de Viana do Bolo e tome nota a Conselheria.

Quinta do Limoeiro, agosto 2024.

Advogado. Ourense - Vigo - Porto