Viana do Castelo/Caminha 2000 | O secretário de Estado do Turismo Nuno Fazenda inaugurou no passado dia 25 de Fevereiro o Observatório da Serra d’Arga em S. Lourenço da Montaria, concelho de Viana do Castelo, tendo contado com a presença de autarcas dos quatro municípios que estiveram na base da criação da Associação da Serra d’Arga (Caminha, Vila Nova de Cerveira, Ponte de Lima e naturalmente o de Viana do Castelo – aquele que possui maior área nesta montanha).
Permitir a observação e estudo das espécies endógenas da Serra d’Arga e sua divulgação, está na génese deste projecto sustentado na adaptação de uma casa localizada perto do centro da aldeia, obra que importou em cerca de duzentos mil euros.
Carlos Pires, presidente da Junta de Freguesia de S. Lourenço da Montaria, uma aldeia com apenas 400 moradores, mas que possui a maior área na Serra d’Arga, evidenciou a importância deste equipamento que se vem juntar a outras apostas de promoção e lazer, como são os cinco percursos pedestres com cerca de 60 km de extensão, “muito procurados por portugueses e de outras nacionalidades” de todo o mundo, deu conta no acto inaugural.
O autarca natural de Dem vincou a relevância da diversidade patrimonial de S. Lourenço da Montaria, nomeadamente a nível gastronómico, dando como exemplos os enchidos, o cozido à portuguesa, cabrito à Serra d’Arga ou o “famoso” arroz-doce, tendo convidado todos a “virem ver a Montaria, quando tiverem tempo, porque tem muito para ver e de gastronomia… nem se fala”, rematou.
Luís Nobre, presidente do Município de Viana do Castelo, destacou a “capacidade” evidenciada pelos quatro municípios para cooperarem em conjunto, uma forma de os alto-minhotos se afirmarem, enunciou ao secretário de Estado do Turismo Nuno Fazenda, tornando-os “mais fortes neste princípio de complementaridade”, como o demonstra a gestão deste espaço serrano, definido como um “santuário”.
“Trazer a ciência para o terreno”
Intregrado na promoção turística deste conjunto montanhoso, a componente de investigação encontra-se subjacente a este projecto do Observatório, precisou o autarca vianense, cujo aproveitamento das “condições físicas” permitirá a valorização do estudo da fauna e flora endógenas, tendo destacado a atracção que o garrano exerce em vários sectores da ciência, apontando como exemplo os investigadores da Sourbonne mas também de Kyoto, e que poderão dispor destas instalações para se alojarem.
“Soubemos interpretar muito bem o nosso território”
“O garrano foi uma força de trabalho e hoje é-o também da natureza” cujos conhecimentos o autarca considera importante “aprofundar”, agora potenciados pela “rede” que os quatro municípios criaram através da Associação da Serra d´Arga recentemente surgida e que ainda no dia 28 de Fevereiro foi objecto de uma decisão da Assembleia Municipal de Caminha, a exemplo do sucedido nos demais concelhos (Ver notícia própria).
É dentro deste espírito que queremos “continuar o nosso caminho de valorização” deste espaço único, afiançou o autarca, porque “todos ganhamos com isso”.
Este equipamento mereceu uma referência especial de Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, fazendo notar que o turismo representa “20% do total de exportações de bens e serviços”, sendo meta do Governo “continuar a crescer, mas com sustentabilidade, coesão territorial e valor”, no que se destaca este projecto e outros levados a cabo pelas autarquias do Alto Minho.
O governante destacou que quem procura o turismo de natureza é uma pessoa “mais informada, mais conhecedora, com preocupações ambientais e que deixa valor nos territórios”, no que se evidencia este Observatório, ao pretender “preservar e valorizar o património natural”, classificado como “a base de sustentação turística”, aliado ao conhecimento e investigação que permitem em simultâneo divulgar os territórios, como o atesta o livro editado pelo Município vianense dedicado ao garrano da Serra d’Arga, um animal objecto de curiosidade e investigação por parte de cientistas japoneses e franceses.
“Estamos imbuídos num espírito de trabalho em rede”
Rui Lages, presidente da Câmara Municipal de Caminha, presente nesta inauguração, referiu ao C@2000 que “a Serra d’Arga já deu e continua a dar grandes passos, curtos mas firmes” na sua valorização e divulgação, através de um esquema “em rede” entre os quatro municípios com presença na Montanha Sagrada e que criaram a Associação da Serra d’Arga.
Comentando a entrada em funcionamento deste Observatório, Rui Lages precisou que “é mais um espaço que vai qualificar a Serra d’Arga e de uma oportunidade para o estudo e ciência” daquilo que lá existe, incluindo a flora e fauna, com destaque para os cavalos garranos, além da nossa tradição e gastronomia”.
O autarca caminhense aproveitou para informar que a sede da Associação da Serra d’Arga entrará em funcionamento em breve na freguesia de Dem, nas instalação do Centro Cultural, prevendo que isso sucederá quando tomarem posse os órgãos sociais, logo que todas as quatro assembleias municipais escolherem os seus 12 representantes para a respectiva assembleia geral.