Na última sessão do Conselho Europeu, Portugal foi posto na lama através da intervenção de um Deputado espanhol que, confessou o «carinho e respeito» pelo nosso país, mas «teria de fazer uma declaração» que «muito o entristecia»…
Em causa estava a nomeação do Procurador José Guerra que, fruto do envio pelo Governo de um currículo falso, conseguiu ficar à frente de Ana Clara Almeida, Procuradora Geral.
Na intervenção do Deputado Europeu, fortemente aplaudida, este declarou que «os dados são irrefutáveis». «O Governo potuguês mentiu sobre a habilitação de um dos candidatos à Procuradoria Europeia e o resultado dessa mentira levou a uma decisão que nunca deveria ter sido tomada». E não podia ser mais contundente: «A Fiscalia Europeia (Tribunal) é um instrumento ao serviço de todos os cidadãos para lutar contra a fraude e defender o Estado de Direito que agora ficou sob a capa da suspeita».
O mesmo Deputado adiantou que há 15 dias já tinha ali pedido um inquérito e que por não ter tido consequências, reafirmou que voltava, naquele momento, a insistir num esclarecimento.
Assim começa, sob este manto da indignação, da mentira e da ignomínia, a presidência portuguesa naquele importante órgão de que fazem parte outros 26 países. Portugal, pelas piores razões, abriu telejornais e foi notícia de destaque por esse mundo civilizado.
José Guerra fazia um favor ao Governo se se demitisse ou mesmoo recusasse tomar posse, mas parece já não haver portugueses dessa têmpera… Que autoridade moral e profissional terá este Procurador para instruir ou sentenciar processos judiciais que lhe sejam distribuídos? O que o move, bem como os que de uma forma ou outra, se remeteram a desculpas esfarrapadas ou ao silêncio?
O sistema anda andrajoso e, perante este ar fétido, as ainda boas referência – que as há -, já contam os dias até se jubilarem.
Publicado em Minho Digital