PS “absoluto” com resultado histórico

Eleições Legislativos em Portugal

Alto Minho | O PS obteve uma inesperada maioria absoluta nas eleições legislativas realizadas no último dia 30. Estas foram antecipadas após o Governo do mesmo partido, até agora minoritário, não conseguiu aprovar o orçamento depois de ter perdido o apoio dos dois partidos à sua esquerda.

As sondagens anteviam um empate técnico ou uma vitória por pouco dos socialistas, mas os portugueses deram mesmo ao PS aquilo que o seu líder, primeiro-ministro, António Costa havia, inicialmente, pedido: uma maioria absoluta, com 117 deputados num parlamento composto por 230.

Falta, porém, conhecer os resultados dos círculos da emigração (quatro deputados), mas as previsões apontam para um equilíbrio (na sua distribuição) entre os dois maiores partidos da cena política portuguesa.

O PS foi, pois, o mais votado, com quase 42% dos votos, seguido do PSD (27,8% e 76 lugares), que cresce em votos, mas não em deputados. Mais à direita, o Chega (7, 1% e 12 deputados) e a Iniciativa Liberal (4, 9% e oito deputados), passaram a ser a terceira e quarta força política. À custa disso, o CDS/PP, força política da fundação da democracia, desaparece do Parlamento.

Bloco de Esquerda (que passou de 19 para 5 deputados) e CDU (de 12 para 6) registaram uma redução drástica na votação e no número de deputados. De resto, o partido dos animais (PAN) passou de quatro para um deputado e o Livre conseguiu manter um lugar no Parlamento.

Governo mais “curto e enxuto”
Segundo os dados dos últimos anos, tipicamente as eleições com maior abstenção são as europeias, e aquelas com menor são as autárquicas. As legislativas ficam assim no meio, mas a percentagem de eleitores que tem escolhido não comparecer nas urnas estava a aumentar. Desde as primeiras legislativas, a abstenção passou de 8,5% em 1975 para 51,4% em 2019. Todavia, agora, andou pelas 42%.

Após a vitória do PS, António Costa, após seis anos de governação e quase dois anos de pandemia, irá novamente formar Governo para mais uma legislatura de quatro anos. Este será “mais curto e mais enxuto”, como uma “task force para a recuperação”. Fala-se num Governo com 13 ministérios contra os 19 atuais (é o maior em quase 48 anos de democracia). O primeiro-ministro conta apresentar ao Presidente da República os nomes para o seu futuro Governo entre os próximos dias 22 e 23, prevendo-se que o seu novo executivo seja empossado entre 23 e 24 deste mês.

PS vence também no Alto Minho
Embora sem maioria absoluta, o PS foi também o mais votado no distrito de Viana do Castelo, tendo ganho em nove dos 10 concelhos, incluindo, pela primeira vez, o de Arcos de Valdevez.

A exceção foi Ponte de Lima, um habitual reduto do CDSPP, onde o PSD obteve a maioria dos votos. No distrito, PS e PSD elegeram o mesmo número de deputados, apesar dos mais de 10 mil votos que aqueles obtiveram (58 435 do PS e 43 414 do PSD). Estas foram as duas forças políticas a conseguir mandatos no Alto Minho.

À semelhança do resto do país, as duas forças políticas mais à esquerda, Bloco de Esquerda e comunistas (CDU), perderam perto de metade dos votos de 2019.

Deste modo, Tiago Brandão Rodrigues (atual ministro da Educação), Marina Gonçalves (secretária de Estado) e José Maria Costa (presidente cessante da Câmara de Viana do Castelo) foram os eleitos do PS. Já o PSD elegeu os já deputados Jorge Mendes e Emília Cerqueira, bem como João Montenegro, oriundo de Cinfães (Viseu).

O Chega, novel força política da extrema-direita, “roubou” o terceiro lugar ao Bloco de Esquerda, à semelhança do que sucedeu a nível nacional. Refira-se, mesmo, que, além do PSD, os bloquistas foram um dos grandes derrotados ao cair para o quarto lugar.
Neste círculo eleitoral, 53% de um universo eleitoral de 236 mil eleitores foi votar.

Reações do PS e PSD
Numa reação aos resultados, o líder distrital do PS de Viana do Castelo e presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, considerou que o seu partido “alcançou uma vitória histórica no distrito” e “o segundo melhor resultado de sempre”, contribuindo “para a maioria absoluta que o PS obteve a nível nacional.”

“Os socialistas do Alto Minho cumpriram todos os seus objetivos com distinção”, considera.

”O tempo, agora, é de trabalho, de dedicação e de contributo para o progresso de Portugal e de toda a região. Juntos seguimos e conseguimos. Agora, o que importa é Portugal”, conclui.

Por sua vez, o ex-edil de Viana do Castelo, o socialista José Maria Costa, eleito deputado, observou que o “Alto Minho soube reconhecer o grande trabalho do PS”. Acrescentou que os portugueses “souberam perceber o grande esforço que foi feito pelo Governo, quer na economia, quer na saúde”, assim como “a capacidade de negociação que o Governo teve junto da União Europeia”.

Já o primeiro eleito do PSD no distrito, Jorge Mendes, ex-autarca em Valença, considerou que o PSD foi penalizado pelo Chega e Iniciativa Liberal. “Há aqui um voto em silêncio contra o sistema e temos que saber interpretar isso.

Ao contrário do que já ouvi, onde se aponta que um deputado do Chega é igual a um deputado racista, temos que refletir sobre estes partidos. Claro que não pudemos ultrapassar determinadas linhas vermelhas, mas temos de estar atentos”.

Manuel S.