Melgaço | Em Castro Laboreiro, na esperança de um ano melhor, no dia 30 de dezembro
queima-se a figura do pai velho e deixam-se votos de um excelente 2020. A partir das 23h00, em ambiente de grande folia, o povo sai à rua e despede-se do Ano Velho com um momento único, onde reinará a boa disposição, a animação, muitas surpresas e malvadezes da Bruxa “Meiga Mariluche”. A “Queima do Ano Velho” tem concentração junto ao posto de turismo e igreja, no centro de Castro Laboreiro.
Esta é já uma tradição da vila e que, a cada ano que passa, atrai cada vez mais curiosos. «Vamos espantar a noite e o frio com sonoridades de outrora muito ligadas à proximidade com a vizinha Galiza. Assim, as gaitas de foles marcarão presença nas ruas de Castro Laboreiro e contaremos também com algumas surpresas e animação teatral ao longo de todo o percurso onde o bom humor surpreenderá os participantes.», garante Sónia Nogueira, da organização.
A tradicional queimada galega e os sons celtas, muito assentes nas tradicionais gaitas de foles, serão trazidos para este evento relembrando outros tempos. O grupo musical “Os Rampeiros” protagonizará um momento de música ao vivo. «O grupo distingue-se pela popularidade e musicalidade do seu reportório, que nos transportará para tempos ancestrais, fazendo emergir a vontade de deixar o corpo acompanhar os ritmos, entregando-se ao baile e à folia a que nos transportam as gaitas de foles», atenta Sónia Nogueira.
O ponto alto do evento culmina com a Queima do Boneco do Ano Velho, num misto de simbolismo e animação, onde será encenada a despedida de 2019. «Deixaremos em 2019 tudo de mau, fazendo votos para que, 2020 nos traga toda a sorte, saúde e fortuna que tanto desejamos. De seguida, a nossa Bruxa “Meiga Mariluche” provocará arrepios de encanto e terror nos participantes, com o seu afamado esconjuro e Queimada Galega que será dada a provar aos participantes para que, assim, queimem todo o mal e se purifiquem completamente. Só assim 2020 poderá entrar em grande nas nossas vidas.», revela a organização.
A ação visa animar Castro Laboreiro e abre a possibilidade, gratuita, a todos os que se queiram juntar à festa. Um dos objetivos é «dar a conhecer os locais que compõem o Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), incentivando à cooperação entre diferentes stakeholders, num esforço conjunto de promoção do turismo da região, ao mesmo tempo que são divulgadas as tradições e culturas da região», explica Sónia Nogueira, sublinhando que «recuperar tradições e rituais de tempos remotos, incentivando à participação, quer de turistas quer de gentes da terra, revela-se cada vez mais importante no sentido de não deixarmos perder hábitos e costumes que são, afinal, os pilares da nossa cultura popular. Castro Laboreiro emerge como uma região com elevado potencial e o turista que vai a Castro Laboreiro sai sempre com o desejo de regressar dentro do peito.»
A organização é da JUST NATUR – Events & Experiences in Nature, uma empresa de animação turística dedicada a tours, eventos e experiências na natureza especializada no PNPG, e tem o apoio da Câmara Municipal de Melgaço e da União de Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro.
PROGRAMA
23h00 – Concentração junto ao posto de turismo de Castro Laboreiro
Início do cortejo de rua com gaitas de foles e animação de teatro de rua
Queima do Boneco do Ano Velho
Queimada Galega, com música e baile
CASTRO LABOREIRO está localizada em Melgaço, no planalto de Castro Laboreiro, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês, distando vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
É uma das localidades mais emblemáticas do PNPG. Possui um dos mais ricos patrimónios pré-históricos do país, que reúne gravuras e pinturas rupestres, 120 Dólmenes (datados de há 5000 anos) e Cistas (monumentos megalíticos funerários). A aldeia possui um património histórico e rquitetónico de grande riqueza, destacando- se um tipo próprio de construções castrejas existentes em Castro Laboreiro: o Castelo de Castro Laboreiro – classificado como monumento nacional; a Igreja Matriz de Castro Laboreiro; o Pelourinho de Castro Laboreiro, datado do século XVI, classificado como imóvel de interesse público; igrejas medievais; os fornos comunitários; os espigueiros; e os moinhos.
Localizada no cimo da montanha, a mais de mil metros de altitude, levou a que os castrejos defendessem os seus costumes, e tradições de todas as influências estranhas, e que ainda hoje persistem. Uma dessas tradições é a das inverneiras e das brandas. Em meados de dezembro, com a chegada do frio e dos nevões, as populações de Castro Laboreiro pegam nas suas roupas, utensílios caseiros e de lavoura e ‘tangendo o gado, migram em massa para os vales, onde possuem uma segunda casa e uma segunda aldeia.’ (Rocha, 1993, p. 127). E ficam nas Inverneiras, abrigadas do frio, até meados de março.
No Núcleo Museológico de Castro Laboreiro é possível conhecer os hábitos, costumes e tradições das gentes da terra. Terra das ‘viúvas dos vivos’, nome a que os seus habitantes davam às mulheres cujos maridos, filhos e netos emigravam em busca de condições de vida melhores.
É uma região de grande beleza, serpenteada pelo rio Laboreiro, que é atravessado por inúmeras pontes representativas das épocas romana ou medieval, das quais sobressaem a Ponte da Dorna, a Ponte da Capela, a Ponte Nova ou da Cava Velha e a Ponte Velha.
Castro Laboreiro é também conhecido pelo seu fumeiro e enchidos, confecionados de forma tradicional, por mãos hábeis e com o saber de anos e anos. O guardião desta localidade é o Cão de Castro Laboreiro, defendendo o gado do grande predador, o Lobo Ibérico, conhecido pela sua rusticidade, caráter e nobreza desde tempos idos.
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