No mes de março do passado ano, na recepção que a Cámara Municipal de Compostela deu á Irmandade dos Vinhos Galegos com motivo dos seus vintecinco anos de vida, eu felicitava ao Alcalde por ter resucitado o Premio Xohana Torres, que tanto gratuita como estupidamente havia sido abandonado polo governo municipal anterior, do PP. Hoje celebro sua recuperação e que ja tivesse uma primeira ganadora. Parabens.
Xohana Torres para mim é a poeta intimista mais importante em lingua galega. Seus poemas tenhem o valor e a virtualidade de levarnos a um mundo de sentimentos e de alta composição, sem que sua obra houvese tido a divulgação que merece, tanto o relato em prosa como na poesia, teatro ou ensaio, porque Xohana não se presta a aparições públicas nem postas em escea multitudinarias, é uma mulher tímida mas firme nas suas convições, disposta a defender aquelo no que crê; grande literata e de amplos conhezimentos, trabalhadora, amante da sua familia e que na buscada soedade vai enxergando seus poemas ou sua prosa, mas tambem o ensaio, o teatro e a literatura infantil, irrumpindo incluso no eido da tradução; exigente consigo mesma e com a obra que entrega ao leitor, sua produção literaria foi-a dosificando para que do prelo saisem livros de qualidade, sempre inovadores sempre aportando e actualizando. Rapaza impar que provindo de uma familia de militares da mais alta graduação (na Marina e na Aviação) desligouse de ataduras e lanzouse a actividades culturais galegas, teatro, programas na radio, festas minervais, Academia Galega… sempre desde muito nova na elite cultural galega com obra que ainda segue a publicar á sua avanzada idade.
Xohana é intimista e tímida, mas entre amigos é faladora e divertida, com sua bagagem cultural as horas na sua companhia passam sem sentir. Há uns meses eu teimava porque o jornalista Fernando Franco sacase na sua secção do Faro de Vigo umas Memorias e fomos visitala; sua timidez rejeita autorizar essa publicação, mas a enxurrada de dados, anedotas, lembranças, etc. que nos pudo dar numa conversa que nos soubo a pouco, excluem por completo qualquera impressão de timidez. Visito-a as vezes e disfruto com sua conversa e com seu afecto.
Perdim-me; em realidade queria falar do seu último (de momento) livro: Elexias a Lola. Uma das curiosidades vitais de Xohana é que de novinha criouse praticamente na Comandancia da Marina, no Ferrol, lugar pouco propicio para falar em galego, idioma proibido e polo tanto desconhezido para aquela mozinha, mas os avatares familiares determinarom que sua avõ enviuvase e a levaram a viver na sua casa; a avó, que chegava das venturosas terras do ribeiro do Avia, era monolingüe galega e uma caixa de sorpresas para aquela nena a quem abriu um mundo novo cheo de herbas benéficas, de buxo, hortensia, árnica, ruda… com as que elaborava brebagens que curavam todo tipo de doenças, incluso do espiritu, ou licores diversos, aportou seu ritual de exorcismos, falou-lhe da estirpe campesinha, da vida no rural… respondia a todas as arelas vitais da nena e logo mozinha Xohana, ainda Juana, inexistentes no medio ambiente familiar e social no que se desenvolvia, e facia-o naquela fala que Xohana, no limiar de este livro, define como “unha festa continua, aquela música encadeada á marcha do traballo”. A avõ Lola tivo que ser todo um mundo para Xohana, todo um mundo de ilussão, de compenetração, de carinho, de assombro, de emoção que a acompanhou e acompanha durante todo seu recorrido vital, até o ponto que agora edita um novo livro de poemas, magnífico e cheio de sentimento, adicado á sua avõ, sentimento que ja aflora no limiar no que fala de Lola á que inscreve “por méritos proprios na estirpe das avoas primixenias, de austera e miuda arquitectura, gardiás dunha lingua sécular, débeda que nunca pagaremos”. Xohana, depois de ti, eu sou o primeiro tributario da tua avõ nessa luta sem medo polo proprio idioma.
O livro merece ser lido polo sentimento que emana, por conhezer de perto a esa irrepetível Lola, mas que tambem nos lembra a estirpe de outras avoas, porque continua a linha poética marcada nos poemarios de Xohana, porque nos mostra a uma Xohana vital e activa, que mantem sua exigencia de qualidade e que enriquece o panorama literario galego. Magnificamente editado por “Edicions engaiolarte”, obra para lêr e para conservar.
Quinta do Limoeiro, março de 2.017